Nossa Doutrina nasceu do encontro entre ancestralidades. A ancestralidade feminina matricial representada pela Rainha da Floresta. A ancestralidade negra encarnada por Raimundo Irineu Serra. E a ancestralidade indígena presente numa bebida de poder inacreditável.
Seu principal expansor, Padrinho Sebastião Mota de Melo, carregava consigo também as marcas da história ancestral brasileira e amazônica, do modo de vida do seringal e da íntima relação do povo simples e trabalhador da floresta com as plantas, os rios e toda a natureza.
Desse encontro entre mundos, surgiu o Santo Daime. Que com suas fardas, sua devoção cristã, seus belíssimos hinos, seu rezo forte, sua dança, seu feitio refinado e a transmissão de saberes que romperam barreiras geracionais, territoriais e linguísticas para cruzar as fronteiras e os oceanos, se constitui como uma autêntica forma cultural.
Uma forma cultural que tocou e continua a tocar o coração de milhares de pessoas em todo o mundo, dos igarapés da Amazônia até o outro lado do Atlântico, por ser exatamente aquilo que é: Cultura ayahuasqueira brasileira!
Nesse dia 24 de novembro, lembrado no estado do Acre como o Dia da Cultura Ayahausqueira, celebramos os esforços das mulheres e homens que com muito suor e amor contribuíram para a construção de nossa história.
Afirmando com alegria nossa identidade e honrando os povos originários e todas as culturas autênticas da ayahuasca no Brasil, seguimos em frente com nossa devoção, trabalhando para a superação de estigmas sociais e para o reconhecimento legal, no Brasil e no mundo, de nossa linda tradição. Sempre amparados no diálogo, na diplomacia, na boa ciência e em nossos valores da Harmonia, Amor, Verdade, Justiça e Paz.
Viva a cultura ayahuasqueira brasileira!
Texto: Glauber Loures